O SACO DE ARROZ ENCANTADO
Há muitos e muitos anos, em Ikue, província de Echizen, havia um jovem muito pobre chamado Yotsune, que não tinha nada para comer. Diante de tamanha penúria, rezou com toda a força que lhe restava para a deusa Kichijoten, pedindo ajuda para se livrar daquela situação miserável.
Pouco depois, uma linda mulher veio na sua direcção, estendeu-lhe uma tigela de arroz cozido e disse:
– Come devagar, pois vejo que há dias que não comes.
Agradecido, Yotsune recebeu a tigela e com um pouco que comeu deu-se por satisfeito.
Então, guardou a tigela para comer mais tarde.
Porém, o pouco que comeu daquela tigela foi o suficiente para passar três dias sem ter fome.
No quarto dia, comeu o restante, o que foi suficiente para passar o resto da semana sem fome.
Na semana seguinte, a fome voltou e já não havia arroz na tigela para comer. Então, Yotsune novamente orou pedindo ajuda a deusa Kichijoten.
Mais uma vez, a linda mulher surgiu na sua frente e disse lamentar muito, pois, desta vez, não poderia ajudá-lo directamente.
Ele deveria ir buscar o arroz pessoalmente.
Assim, entregou-lhe um papel que continha um certificado autorizando a retirada de arroz equivalente à produção de três alqueires.
– Onde devo buscar esse arroz?
– perguntou Yotsune.
– Vai até o Kitayama (Serra do Norte) e procura o pico mais alto.
Escala o pico e grita, a dizer que foste buscar arroz.
Alguém vai aparecer e te entregar o arroz.Com muito esforço, Yotsune conseguiu chegar ao ponto mais alto da serra e gritou várias vezes:
–Está aí alguém? Vim buscar o arroz!
A resposta veio através de uma voz medonha e, de seguida, um vulto enorme veio na sua direcção.
Yotsune, que já estava pálido de fome, ficou mais pálido ainda com tanto medo. O vulto era uma criatura demoníaca com um só olho no meio da face e um chifre na testa.
O seu corpo enorme e musculoso estava coberto apenas por uma tanga vermelha. No ombro, trazia um saco de arroz.
Yotsune, apesar de estar muito assustado, procurou mostrar calma e autoridade, numa demonstração de coragem, dizendo:
– Vim buscar arroz. Aqui está o certificado.
O demônio pôs o saco de arroz no chão, apanhou o papel e deu uma olhada:
– Aqui diz arroz equivalente a três alqueires, porém só tenho um saco.
Se estiver bem assim, podes levar este saco.
Caso queiras tudo de uma vez, deves reclamar à deusa Kichijoten.
– Um saco de arroz já é mais do que tive em toda minha vida, não devo reclamar por ganância, e sim agradecer por tudo que a deusa tem feito por mim – dizendo isso, Yotsune agradeceu ao demônio e levou o saco para casa.
Ora carregando e ora rolando a carga, voltou feliz da vida.
Os dias foram passando e Yotsune aos poucos foi consumindo o arroz.
Porém, um facto chamou a sua atenção.
À medida que ele tirava cada tigela de arroz, o mesmo tanto era reposto no saco, como por magia.
Assim, o rapaz descobriu que aquele saco nunca acabava, porque se tornava a encher sozinho.
Diante deste milagre, passou a vender arroz para a vizinhança e ganhou muito dinheiro.
O saco de arroz encantado ganhou fama e pessoas de várias cidades passaram a vir comprar arroz de Yotsune, atraídas pela curiosidade.
Assim, acabou tornando-se um homem rico.
A milagrosa história de Yotsune chegou ao ouvido do governador da província. Este quis a todo custo comprar o saco encantado e ofereceu em troca arroz equivalente a produção de cem alqueires em sacas de arroz.
Sem poder recusar, pois o dono das terras de toda região era do governador, Yotsune foi obrigado a aceitar a oferta.
Isto tornou-o milionário de uma vez.
Levado para o castelo feudal, o saco continuou auto encher-se como antes.
O governador ficou muito feliz, pois, agora, haveria arroz garantido, mesmo que houvesse inundações ou seca nas suas terras.
Porém, passado algum tempo, quando foi retirado do saco arroz equivalente a produção de cem alqueires, o saco parou de repor o produto tirado e tornou-se vazio.
O governador ficou furioso e pensou em mandar degolar o rico Yotsune, porém, nessa ocasião, estava de visita ao castelo o conhecido mago e andarilho, onmyoji Shamon, e o governador consultou-o a esse respeito.
– Mestre, o que achas? Devo mandar cortar a cabeça deste jovem que se atreveu a me enganar?
– Jamais, meu caro governador.
Quem quis o saco que era dele foi o senhor.
Foi tolice da sua parte querer para si o prêmio dado especialmente ao rapaz como mérito pela sua devoção à deusa Kichijoten.
Considere-se justiçado pelo facto de o saco ter devolvido o arroz que o senhor pagou ao rapaz.
Dizem que o governador devolveu o saco a Yotsune e, uma vez na casa dele, o saco voltou a encher, tornando-se novamente inesgotável.
Há muitos e muitos anos, em Ikue, província de Echizen, havia um jovem muito pobre chamado Yotsune, que não tinha nada para comer. Diante de tamanha penúria, rezou com toda a força que lhe restava para a deusa Kichijoten, pedindo ajuda para se livrar daquela situação miserável.
Pouco depois, uma linda mulher veio na sua direcção, estendeu-lhe uma tigela de arroz cozido e disse:
– Come devagar, pois vejo que há dias que não comes.
Agradecido, Yotsune recebeu a tigela e com um pouco que comeu deu-se por satisfeito.
Então, guardou a tigela para comer mais tarde.
Porém, o pouco que comeu daquela tigela foi o suficiente para passar três dias sem ter fome.
No quarto dia, comeu o restante, o que foi suficiente para passar o resto da semana sem fome.
Na semana seguinte, a fome voltou e já não havia arroz na tigela para comer. Então, Yotsune novamente orou pedindo ajuda a deusa Kichijoten.
Mais uma vez, a linda mulher surgiu na sua frente e disse lamentar muito, pois, desta vez, não poderia ajudá-lo directamente.
Ele deveria ir buscar o arroz pessoalmente.
Assim, entregou-lhe um papel que continha um certificado autorizando a retirada de arroz equivalente à produção de três alqueires.
– Onde devo buscar esse arroz?
– perguntou Yotsune.
– Vai até o Kitayama (Serra do Norte) e procura o pico mais alto.
Escala o pico e grita, a dizer que foste buscar arroz.
Alguém vai aparecer e te entregar o arroz.Com muito esforço, Yotsune conseguiu chegar ao ponto mais alto da serra e gritou várias vezes:
–Está aí alguém? Vim buscar o arroz!
A resposta veio através de uma voz medonha e, de seguida, um vulto enorme veio na sua direcção.
Yotsune, que já estava pálido de fome, ficou mais pálido ainda com tanto medo. O vulto era uma criatura demoníaca com um só olho no meio da face e um chifre na testa.
O seu corpo enorme e musculoso estava coberto apenas por uma tanga vermelha. No ombro, trazia um saco de arroz.
Yotsune, apesar de estar muito assustado, procurou mostrar calma e autoridade, numa demonstração de coragem, dizendo:
– Vim buscar arroz. Aqui está o certificado.
O demônio pôs o saco de arroz no chão, apanhou o papel e deu uma olhada:
– Aqui diz arroz equivalente a três alqueires, porém só tenho um saco.
Se estiver bem assim, podes levar este saco.
Caso queiras tudo de uma vez, deves reclamar à deusa Kichijoten.
– Um saco de arroz já é mais do que tive em toda minha vida, não devo reclamar por ganância, e sim agradecer por tudo que a deusa tem feito por mim – dizendo isso, Yotsune agradeceu ao demônio e levou o saco para casa.
Ora carregando e ora rolando a carga, voltou feliz da vida.
Os dias foram passando e Yotsune aos poucos foi consumindo o arroz.
Porém, um facto chamou a sua atenção.
À medida que ele tirava cada tigela de arroz, o mesmo tanto era reposto no saco, como por magia.
Assim, o rapaz descobriu que aquele saco nunca acabava, porque se tornava a encher sozinho.
Diante deste milagre, passou a vender arroz para a vizinhança e ganhou muito dinheiro.
O saco de arroz encantado ganhou fama e pessoas de várias cidades passaram a vir comprar arroz de Yotsune, atraídas pela curiosidade.
Assim, acabou tornando-se um homem rico.
A milagrosa história de Yotsune chegou ao ouvido do governador da província. Este quis a todo custo comprar o saco encantado e ofereceu em troca arroz equivalente a produção de cem alqueires em sacas de arroz.
Sem poder recusar, pois o dono das terras de toda região era do governador, Yotsune foi obrigado a aceitar a oferta.
Isto tornou-o milionário de uma vez.
Levado para o castelo feudal, o saco continuou auto encher-se como antes.
O governador ficou muito feliz, pois, agora, haveria arroz garantido, mesmo que houvesse inundações ou seca nas suas terras.
Porém, passado algum tempo, quando foi retirado do saco arroz equivalente a produção de cem alqueires, o saco parou de repor o produto tirado e tornou-se vazio.
O governador ficou furioso e pensou em mandar degolar o rico Yotsune, porém, nessa ocasião, estava de visita ao castelo o conhecido mago e andarilho, onmyoji Shamon, e o governador consultou-o a esse respeito.
– Mestre, o que achas? Devo mandar cortar a cabeça deste jovem que se atreveu a me enganar?
– Jamais, meu caro governador.
Quem quis o saco que era dele foi o senhor.
Foi tolice da sua parte querer para si o prêmio dado especialmente ao rapaz como mérito pela sua devoção à deusa Kichijoten.
Considere-se justiçado pelo facto de o saco ter devolvido o arroz que o senhor pagou ao rapaz.
Dizem que o governador devolveu o saco a Yotsune e, uma vez na casa dele, o saco voltou a encher, tornando-se novamente inesgotável.
2 comentários:
Blog muito bom!
Vou voltar a espreitar!
;)
É sempre bom acreditar em algo, ou alguém, e não se ser demasiado ambicioso.
Bom fim de semana
Abraço do Zé
Postar um comentário