quinta-feira, 28 de agosto de 2008


O KOTO


O Koto é um instrumento musical de cordas dedilhadas, composto por uma caixa de ressonância com diversas cordas, semelhante a uma grande cítara. Actualmente é o mais popular de entre os instrumentos musicais tradicionais japoneses. Tanto quanto o piano ou violino, meninas em idade escolar aprendem o koto.
A história do koto é longa. O instrumento já com as suas principais características actuais foi introduzido no
século VI (época do imperador Kinmei) vindo da China (dinastia T’ang). Ele já possuía o corpo feito com a madeira tradicional do Japão o Kiri (Paulownia), sendo todo lacado. Era chamado de Kin-no-Koto. Data dessa época a partitura mais antiga para o Koto (Yuran-fu que se encontra guardada no Templo Shinhoin).
O instrumento está presente na literatura japonesa desde a antiguidade. Nos Contos de Genji (Genji Monogatari de Murasaki Shikibu 978-1016) o Koto aparece em diversas passagens. O personagem principal, o príncipe Hikaru Genji, quando exilado em Akashi tocava e mantinha diálogos musicais com Lady Akashi. Noutra obra, Contos de Heike (Heike Monogatari), a amada do imperador, Kogo, foi descoberta no seu esconderijo pelo som do seu koto.
Durante séculos a música de koto foi cultivada pela nobreza. No
século XVII, Yatsuhashi Kengyo fundou um estilo independente, o Yatsuhashi Ryu. Em 1664, foi impresso um livro escrito por Sosan Nakamura, Shichiku Shoshin Shu, onde constam as partituras das principais músicas de Yatsuhashi Kengyo, Rokudan no Shirabe, Hachidan no Shirabe e Midare, executadas até hoje. Yatsuhashi criou as afinações consideradas as mais tradicionais para o koto, o Hira e o Kumoi. Neste século ainda houve a popularização do instrumento como acompanhamento de dança e como conjunto formado juntamente com Shakuhachi e Sangen.
Actualmente existem duas correntes, a Ikuta Ryu e a Yamada Ryu. A escola Ikuta foi fundada por Ikuta Kengyo (
1757 a 1817) no fim do século XVII baseada na transposição para o Koto das fórmulas existentes para o Shamisen (Sangen) principalmente na alternância de cantos com instrumentais originados do Jiuta. A característica fundamental desta escola está na sua ênfase nas técnicas instrumentais. No fim do século XVIII surgiu a escola Yamada fundada por Yamada Kengyo (1757 a 1817). Baseava-se em narrativas, dando um maior destaque ao canto. Apesar de terem algumas peças do repertório em comum, os estilos diferem na sua orientação. Tecnicamente o estilo de execução também é diferente. O formato da unha é diferente. O estilo Ikuta usa a unha com o formato retangular, e o estilo Yamada adopta uma unha de forma oval, isto leva os instrumentistas a sentarem-se de maneira diferente em relação ao instrumento. O instrumentista da escola Ikuta senta-se num ângulo oblíquo enquanto o da escola Yamada senta-se em ângulo recto. A posição que a mão toca as cordas também difere; a escola Ikuta toca com a mão inclinada em relação às cordas, e a escola Yamada toca com a mão na posição vertical.
No início deste século houve a popularização do koto principalmente pelas mãos de
Michio Miyagi. Apesar de pertencer à escola Ikuta, Miyagui praticamente formou a sua escola, introduzindo elementos ocidentais na composição de músicas japonesas.
O koto moderno tem treze cordas que podem ser de
seda ou nylon. As cordas são afinadas através de trastes móveis, que permitem a mudança de afinação durante a execução da música. O corpo é formado por duas pranchas de Kiri, com aproximadamente 180 centímetros, formando uma caixa de ressonância. Existem variações no instrumento como o koto de dezessete cordas, inventado por Michio Miyagi, que faz o baixo das músicas, e outros modelos com vinte e uma e com oitenta cordas.