segunda-feira, 7 de julho de 2008



História do Chá



Cerimônia do Chá


A popularidade do chá é universal, porém, em nenhuma outra parte do mundo a sua contribuição ao meio cultural foi tão notável, como no Japão, onde a sua preparação e seu apreço adquiriram sentido estético e evoluíram como uma forma distinta de arte.
No Japão, as pessoas, ao serem convidadas para uma reunião de chá, costumam comparecer com antecedência : aguardam sentadas numa pequena sala, desfrutando da companhia uma das outras e desligando-se das atribulações do dia. O anfitrião terá cuidado na preparação da sala, talvez pendurando um "kakemono", acendendo o fogo para ferver a água para o chá e terá também preparado uma pequena refeição caprichosamente escolhida, tudo com o objetivo de tornar a reunião tão agradável, quanto possível. Esse encontro representa a manifestação clara de uma sensibilidade interior que se adquire através do estudo e da disiciplina do Chado ( TCHADÔ ), o Caminho do Chá. Chado é um termo relativamente recente, com o qual se designa o ritual de preparar e tomar o chá, originado no século XV. O chá verde em pó servido no ritual foi inicialmente introduzido no Japão por monges Zen, quando do seu regresso da viagem de estudos à China, durante o século XII. Nessa época, o chá era utilizado como um suave estimulante, que favorecia ao estudo e à meditação, tendo sido valorizado também como uma erva medicinal.
A partir dessa origem modesta, mestres de chá, devotos do Chado, desenvolveram uma estética, que se inseriu na cultura japonesa. Houve, entretanto, um mestre de chá que, durante toda a sua vida, concebeu essa filosofia como um estilo de vida e instituiu o Chado como um meio de transformar a própria vida numa obra de arte. Esse mestre foi Sen Rikyu ( 1522-1591 ).
Proeminente figura nas artes, assim como na política do seu tempo, os ideais estéticos de Sen Rikyu estão no âmago das artes e artesanatos do Japão e constituem a base do requinte e da elegância japoneses. Sen Rikyu resumiu os princípios básicos do Chado nestas quatro palavras : Wa, Kei, Sei e Jaku.
Wa significa harmonia. A harmonia entre as pessoas, a pessoa com a natureza e a harmonia entre os utensílios do chá e a maneira como são utilizados, são todos aspectos do Wa.
Kei significa respeito. Respeitam-se todas as coisas com um sincero sentimento de gratidão pela sua existência.
Sei siginfica pureza, tanto universal, quanto espiritual.
Finalmente, Jaku significa tranquilidade ou paz de espírito e isto resulta da percepção dos três primeiros princípios.
Os monges Zen, que introduziram o chá no Japão, estabeleceram os fundamentos espirituais para o Chado. Baseados numa intuitiva busca pela essência da realidade, os preceitos do Zen Budismo deram aos mestres do chá uma amplitude para desenvolver a estética do chá. Veio incluir, não apenas as regras para preparar e servir o chá, mas também a manufactura dos utensílios, o "conhecimento" das belas artes e das artes aplicadas, o "desenho" e a construção das salas de chá, a arquitectura dos jardins e a literatura.
Agora, quando a mecanização e os confortos modernos aliviam o homem da maior parte do trabalho, o tempo e a energia empregados para preparar e servir uma chávena de chá parecem desnecessários. Mas uma chávena de chá, preparada segundo os princípios do Chado, é o resultado de uma ritual desenvolvido para atender as necessidades do homem, na busca da sua tranquilidade interior. É um ritual de simplicidade e parcimónia, no qual todos podem encontrar "a paz numa chávena de chá".

8 comentários:

Andre Moa disse...

Estava eu, triste e só,em frente do computador, a tomar o meu chá da noite, para acalmar, quando me entra pelo blogue adentro uma gentil Gueiha, a enviar-me arigatos e kisus.
Não sei bem o que isso seja, mas soube-me tão bem, que não pude deixar de vir aqui agradecer, comer e chorar por mais.
Arigato, kisu

Carla disse...

Para quem adora chá, como eu, o teu post é delicioso
beijos

Miki disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andre Moa disse...

Cara Miki,
desejo paz,quero chá.
É capaz de enviar algum do seu? Tranquilo e doce?

Entre nenúfares e sakura
deve ser uma gostosura.
Um bom chá para si, com todo o ritual suave e pacificador.
Para mim fica o desejo, adornado pela imaginação, o que já não é mau de todo. Como dizia Camões, o nosso épico: "Melhor é experimentá-lo que julgá-lo; - mas julgue-o quem não puder experimentá-lo. É isso.
Kisu

Zé Povinho disse...

Para nós ocidentais há algum mistério sobre os usos e costumes do Oriente, e estes cerimoniais sem uma explicação parecem-nos uma encenação, e afinal têm em si mesmos significados bastante profundos. Obrigado pela explicação.
Abraço do Zé

Carla disse...

Saborear novamente o teu chá e deixar-te beijos de bom fim de semana

fotógrafa disse...

A amizade abraça
todos os aspectos da vida.
Bom fds
abraço

®efeneto disse...

Para mim é muito importante via aqui ao seu espaço.
Saio daqui culturalmente mais rico.

Beijito de amizade.

**


Hoje deixei,
a minha "Jangada de Estrelas" ancorada...
Ancorada aos cais da preguiça celeste.
Hoje vou a pé pelas pontes do infinito que cintilam.
Ver esses reflexos dormentes que suportam a noite,
e pisar esse frio vidrado das pedras que a compõe,
feitas de mil brilhos...
Vou ver monumentos de silêncio às Galáxias,
sentir os meus pés sangrarem de estrelas,
e esvaiarem-se em quasares de diamante,
até me cansar e adormecer...
Dando um sorriso do tamanho das estrelas...
Apenas com uma mochila de caminhante às costas,
sem ter a preocupação se o vento cósmico me levará a "Jangada de estrelas",
por gozo ou por rigor, para o longe translúcido dos oceanos de estrelas.
Hoje vou de mochila de pulsares palpitantes às costas...
Desejar um bom fim-de-semana aos amigos.
Você faz parte deste caminho.