terça-feira, 11 de março de 2008


Mar e lua


Amaram o amor urgente

As bocas salgadas pela maresia

As costas lanhadas pela tempestade

Naquela cidade

Distante do mar

Amaram o amor sereno

Das nocturnas praias

Levantavam as saias

E se enluaravam de felicidade

Naquela cidade

Que não tem luar

Amavam o amor proibido

Pois hoje é sabido

Todo mundo conta

Que uma andava tonta

Grávida de lua

E outra andava nua

Ávida de mar

E foram ficando marcadas

Ouvindo risadas, sentindo arrepios

Olhando pro rio tão cheio de lua

E que continua

Correndo pro mar

E foram correnteza abaixo

Rolando no leito

Engolindo água

Boiando com as algas

Arrastando folhas

Carregando flores

E a se desmanchar

E foram virando peixes

Virando conchas

Virando seixos

Virando areia

Prateada areia

Com lua cheia e à beira-mar

Um comentário:

LuzdeLua disse...

Passando para agradecer a visita.
LuzdeLua/NaveganteDoAmor